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Tokenização: o tsunami que vai varrer o segmento financeiro
Por: Da Redação da Abranet - 12/08/2022

Desde o início do processo de transformação digital – acelerado pela pandemia – o setor financeiro vem passando por uma série de mudanças, e elas vem ocorrendo com velocidade cada vez maior. Desde a evolução dos meios de pagamento até consumidores exigindo experiências  melhores com preços mais competitivos, o certo é que a dinâmica do setor mudou.

Raul Moreira, membro do conselho de administração e coordenador do Comitê de Inovação do Banco Original, lembrou que mudanças na estrutura regulatória do setor estão facilitando a entrada de novos players e a flexibilização de normas com o objetivo de aumentar a concorrência. Com tudo isso, qual o futuro dos serviços financeiros? “Estamos vendo a possibilidade de uma nova onda de mudanças, que começa a se desenhar a partir da combinação de algumas tecnologias, como as redes 5G, o uso intensivo de IA e as plataformas baseadas em blockchain. É a chamada da tokenização da economia”, previu.

Mas o que significa isso? De acordo com o especialista em futurização e tecnologia Guga Stocco, trata-se de uma fase de utilização da internet. “Houve a primeira onda com a internet da informação, com as redes sociais e aplicações, em que transacionamos informações. Agora estamos entrando na era da internet de transação, em que vamos transacionar valores, e isso muda muita coisa”, disse.

Ele explica que a tokenização vai permitir a digitalização de qualquer ativo, possibilitando, por exemplo, que uma pessoa possa comprar partes do Empire State Building e receber dividendos por isso. Na prática, os tokens funcionarão em um ledger global, que vai permitir transacionar ativos físicos (ações, obras de arte, imóveis etc.) ou digitais na mesma estrutura. Para o setor financeiro, isso representa um mundo com uma liquidez gigantesca. “Se eu tokenizo o contrato inteligente de um empréstimo, ele se torna um ativo digital seguro”, explicou.

Para Stocco, esse novo mundo está se tornando possível porque o mercado vive um momento de transição de tecnologias que serão catalisadas pelas redes 5G. Novas tecnologias entrarão na rede, tornando real a chamada internet de valor, e as discussões sobre moedas soberanas digitais, as CBDCs, são bons exemplos de como isso vai acontecer. “Esperamos que a padronização nesse grande ledger comece a acontecer com diferentes ativos. Temos diversas startups e fintechs trabalhando com isso, com competição muito maior.” 

Grande parte desta transformação vai ao encontro dos desejos dos clientes. “Há o desejo do consumidor de ter acesso a este mundo digital de forma simples; o desejo de fazer transações digitais onde e como ele quiser; e o desejo de fazer isso de forma segura. Isso é permanente”, afirmou o presidente da Mastercard Brasil, Estanislau Bassols.

Para ele, estes três eixos estão orientando o movimento de digitalização do setor financeiro, abrangendo desde o crescimento do e-commerce até a democratização dos meios financeiros, tanto que o Brasil conta hoje com 182 milhões de pessoas bancarizadas. Citando o exemplo da Mastercard, Bassols conta que as transações sem contato cresceram três vezes no ano passado.

E isso não diz respeito somente aos cartões por aproximação ou pagamentos via smartphone. No ano passado, a Mastercard lançou, em parceria com a rede de supermercados St. Marché, um sistema de pagamentos via reconhecimento biométrico facial. “Estamos investindo milhões de dólares em segurança da transação e dos dados e a tendência é usar a Inteligência Artificial massivamente para que as transações aconteçam sem atrito e com segurança. Quando olhamos isso, vemos eixos comuns que estarão presentes na nossas vidas pelos próximos anos.”

Nessa jornada evolutiva, o superintendente executivo de inovação, canais, PIX, IA e Open Finance do Banco Original, Fabio Lins, destaca a chegada das redes 5G como o início de uma nova etapa que pode, no limite, acabar com os aplicativos bancários. O primeiro passo seria o desenvolvimento do Real Digital, que está na pauta do Banco Central e em discussão entre os bancos e que, de pronto, traria o benefício de reduzir o uso de dinheiro físico (o Brasil tem hoje 7 bilhões de cédulas em circulação) e de integrar o País a uma nova etapa da economia global, já que o desenvolvimento de moedas digitais está em discussão em 90 países.

“Outro benefício é a discussão em si da inovação, fazendo surgir a partir daí contratos inteligentes, liquidação e conciliação automática e a tokenização dos ativos físicos. Podemos ter em um futuro próximo a tokenização de veículos e imóveis, por exemplo, e isso vai facilitar a concessão de crédito. Se você tokeniza um bem que pode ser dado como garantia, isso facilita o crédito e aumenta a circulação de dinheiro na economia”, comentou.

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