Separar serviços do provimento de acesso à internet foi um marco
Rui Campos
Rui Campos foi um dos fundadores da Abranet
Um dos fundadores da Abranet, Rui José Arruda Campos estava envolvido com os primórdios da internet antes mesmo da consolidação de uma entidade. Ele lecionava na academia em cursos de engenharia e disciplinas de matemática que tinham muita ligação com informática, e isso o levou a se tornar um profissional de TI. Por volta de 1985, Campos encerrou sua carreira acadêmica e passou a empreender na microinformática. “Eu tomei os primeiros contatos com a internet como usuário, enquanto executivo de empresa de informática”, contou em entrevista para o especial Abranet 25 anos.
“Uma das minhas atividades era de eventos e ali eu conheci o Antonio Tavares, que tinha uma empresa que viria a ser uma semente de um provedor de acesso, naquela época, chamava-se BBS, e foi uma liga tão boa que o Tavares acabou me trazendo para a Abranet”, lembrou.
Para ele, um grande marco da história da internet brasileira foi o fato de separar serviços do provimento de acesso à internet. “Não que tenha sido melhor ou pior, mas, se fosse feito pelas empresas de telecom, talvez o caminho tivesse sido outro. Quando você aplica um processo de pulverização, você dissemina mais o acesso à tecnologia e coloca uma população maior de mentes para trabalhar no processo. Esse foi o grande marco então”, pontuou.
Nesse caminho, a Abranet foi fundamental na movimentação política. “Houve uma série de embates, portanto, houve uma série de interlocuções com o governo; algumas medidas foram aceitas, outras não e acabou se tornando esse processo, consolidou e gerou todos esses players de empresas de provedores de internet”, disse.
Sobre o presente, Campos apontou como o principal problema o mau uso da internet, servindo como ferramenta para fraudes e divulgação de inverdades. “Essa é uma luta constante que os gestores de processos de usuários, de processos de provimento de serviços de internet, têm que ter sempre em mente. Não vai dar para sumir com isso porque é da natureza humana, mas é preciso vigilância eterna”, destacou.
Outro perigo, segundo ele, está na redução da pulverização de empresas ou concentração em grandes empreendimentos. “Se for dominante, vai acabar evoluindo para um monopólio.” Para ele, os provedores têm que lutar para manter o equilíbrio atual.
Com relação ao futuro, destaca-se, na opinião de Campos, a implementação da tecnologia 3D, não só do ponto de vista de imagem, mas também de som.