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Tráfego de dados aumenta, mas setor de telecom na AL sofre impacto de US$ 4,3 bilhões devido à Covid-19
Por: Roberta Prescott - 07/05/2020

O cenário de isolamento social diante da pandemia da Covid-19 levou a um aumento significativo no tráfego de dados, tanto por parte das empresas como dos consumidores, mas, ainda assim, o impacto do novo coronavírus no mercado de telecomunicações na América Latina será de US$ 4,3 bilhões , ou R$ 25 bilhões, em 2020. As projeções são da IDC e foram divulgadas, nesta quinta-feira 07/05, durante do webinar “A importância das Telecomunicações no contexto atual: impactos e evolução na América Latina”, conduzido, virtualmente, por Luciano Saboia, gerente de telecomunicações da IDC Brasil. 

“Até antes da Covid, nós tínhamos uma expectativa de crescimento CAGR entre 2019 e 2023 de 10,8% nas redes fixas e 29,2% nas redes móveis. Estamos observando, neste momento, que o cenário atual de isolamento social provocou elevação no tráfego de dados, tanto Brasil quanto no restante da América Latina, atingindo picos de 30% a 40% de aumento de trafego nas redes fixas”, disse Saboia. Na América Latina, em 2020, o segmento de consumidor (B2C) responde por 67% do tráfego de redes de telecomunicações, enquanto o empresarial (B2B) por 33%, com as grandes companhias representando a maior parte do tráfego.   

No entanto, a previsão de crescimento ano sobre ano do mercado de serviços de telecomunicação, incluindo todas as modalidades, na América Latina foi reduzida. Antes da Covid-19, a IDC estimada um aumento de 6% e passou para pouco menos de 3%, resultando em um impacto de US$ 4,3 bilhões, ou R$ 25 bilhões, na região. “Isto representa o dinheiro sacado do nosso mercado latino-americano em função da reestruturação, da dificuldade econômica que segmentos B2B e B2C vão viver. Vemos uma desaceleração do crescimento para os principais países da AL, como Brasil, México e Argentina”, pontuou. 

No Brasil, a previsão do crescimento anual do mercado de serviços de telecomunicações  caiu dos 3% inicialmente projetados para 2020 para pouco mais que 1% — a expectativa para 2021 passou de 4% para 2% e para 2022 de 6% para pouco mais que 4%. Os números, disse o gerente de telecomunicações da IDC Brasil, refletem a desaceleração e a restrição orçamentária, os impactos econômicos das diferentes verticais e a renda das famílias em arcar alguns serviços. “Não acreditamos inicialmente em desconexão, mas na redução dos gastos, das despesas com telecom, pelo menos por um momento”, apontou.

Os impactos também afetam a implantação de 5G no País. A IDC acredita na suspensão de testes 5G por parte do regulador e que o setor solicite o adiamento do leilão devido ao cenário econômico. “Em 5G, acreditamos que haverá retomada no primeiro trimestre de 2021.” No Brasil, o aumento no tráfego nas redes de dados de aproximadamente 30% a 40%, a aceleração do teletrabalho, saúde e CDN e a busca por alguns serviços não tradicionais, como nuvem e UCaaS, acabam, segundo Saboia, tendo algum destaque e devem obter resposta mais positiva que o crescimento quase que orgânico que vinham tendo até então. Dos impactos negativos para o setor, o especialista citou projetos que ficam paralisados ou engavetados e redução no ARPU móvel e fixo. “Não acreditamos que projetos sejam cancelados, mas adiados e, em algum momento, sendo retomamos. Já os ARPUs são afetados por uma necessidade econômica das empresas e das famílias.” 

Oportunidade para o setor

A apresentação destacou ainda algumas oportunidades que os operadoras podem ter neste momento, tais como segurança de TI, ferramentas de comunicação unificada e colaboração (UC&C), edge computing e computação em nuvem. Saboia ressaltou que a nuvem é crítica, mas a latência está assumindo um papel de liderança e que a situação atual aumenta ainda mais a necessidade de diminuir a latência, pois os clientes estão necessariamente utilizando mais o canal digital para consumir produtos e serviços. 

Em uma comparação, o especialista mostrou que a nuvem privada e on-premise apresentam alto desempenho, com baixa latência (menor que cinco milissegundos), mas apresentando alto custo e escalabilidade limitada, além de mais rígido e dificuldade de usar como serviço. Na outra ponta, a nuvem pública apresenta um desempenho menor, com latência maior que 50 milissegundos, mas baixo custo, mais alta escalabilidade, mais flexível e XaaS (tudo como serviço). 

A IDC apontou que a Covid-19 tem um impacto positivo no tráfego de rede, mas ainda há dificuldade na monetização deste impacto em serviços tradicionais (voz, dados, Internet). Os serviços baseados em nuvem e conteúdo representam uma oportunidade. E o "novo normal" acelerará o processo de transformação digital das organizações da região, colocando as comunicações em um papel central. A diminuição da latência, a qualidade do serviço e a capacidade de integração serão fundamentais, reforçou a consultoria. 

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