Publicada em: 06/03/2023 às 16:41
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Banco Central começa a simular Real Digital e elege plataforma de blockchain
Por Luis Osvaldo Grossmann*

O Banco Central começou nesta segunda, 6/3, os testes para o que será o Real Digital. Serão simuladas transações com títulos públicos, com participação de alguns integrantes do sistema financeiro, para experimentar funcionamento, desenvolvimento, custos, segurança e mesmo a garantia da privacidade de dados. Essa fase vai até o final de 2024, a partir de quando o BC acredita alcançar maturidade suficiente para lançar o Real Digital para uso geral. 

O BC escolheu rodar o Real Digital sobre a plataforma Ethereum, mas com o sistema cliente Hyperledger Besu, de forma que, além de adotar uma ferramenta em código aberto, seja possível o desenvolvimento dentro de um sistema permissionado – ou seja, não público, controlado pela autoridade monetária. Os testes serão feitos com transações de títulos públicos federais simulados, por contas simuladas, mas com a participação de algumas instituições do sistema financeiro. 

“Os bancos já perceberam que a tokenizacao é uma tendência natural. Quando se começa a tratar de moeda digital, se pensa nos ativos virtuais, os ativos cripto. Mas os criptoativos não são o foco desse projeto. O foco são ativos do mundo real, tokenizados e trazidos para essa plataforma para aumentar eficiência. É uma disrupção para o negócio de negociação de ativos, que terá que ser redesenhado. E a plataforma do Real Digital é uma pedra fundamental para essa mudança”, disse o coordenador da iniciativa do Real Digital, Fabio Araujo, ao explicar como vão funcionar os testes, em entrevista nesta segunda. 

O Real Digital é a versão brasileira do que se convencionou chamar pela sigla CBDC – moedas digitais de bancos centrais. De um lado, é uma reação ao avanço e disseminação das criptomoedas, de forma a utilizar a lógica dos DLTs, as tecnologias de registro distribuídos, da qual o Blockchain é a mais conhecida, mas dentro do ambiente regulado dos sistemas financeiros nacionais e internacional. 

Como CBDC, o Real Digital será emitido pelo Banco Central do Brasil. Seu uso será muito mais para o atacado, para as transações interbancárias. Mas o Real Digital é fundamental para a mencionada tokenização – ou seja, a emissão de ativos digitais pelas próprias instituições financeiras. E é esse ativo tokenizado que será transacionado pelas pessoas físicas, caso os testes deem certo, lá para 2025. 

O Banco Central enfatiza que o importante é o desenvolvimento dessa plataforma única para transações de ativos tokenizados. “O Real digital vai servir mais para transações no interbancário e vai dar suporte para o real tokenizado, que cumpre o papel das stablecoins. Portanto, a ideia do Real Digital é ele ficar no interbancário e para operações de atacado. E as operações de varejo oferecidas através de moedas reguladas pelo Banco, análogas às stablecoins existentes hoje, mas com um arcabouço regulatório muito mais consolidado, que dá suporte ao deposito bancário”, explicou Araujo. 

“Esse ambiente reduz custos e traz possibilidade de inclusão financeira. Hoje tem serviços muito caros, como operações compromissadas, que acontecem entre bancos, mas que poderiam ser feitas por qualquer um em uma operação com reais digitais. Pode reduzir custo do crédito, melhorar o retorno do investimento, além da potencial de entrada de novos provedores de serviços, de fintechs, e da oferta de novos serviços que hoje o mercado não consegue fazer”, completou. 


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