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Pandemia fez Brasil avançar 10 anos, mas ainda há um gap a ser superado no banco digital
Por: Roberta Prescott - 25/06/2021

O isolamento e as restrições a serviços e estabelecimentos comerciais impulsionaram o uso dos canais digitais bancários. “No último ano, avançamos uma década no processo de bancarização e no maior uso de canais digitais para brasileiros”, apontou Renato Meirelles, presidente do Instituto de Pesquisa Locomotiva, durante o painel “Novos meios de pagamento aceleram bancarização e ofertas”, nessa quinta-feira 24/06, no Ciab Febraban 2021. 

Apesar do avanço, ainda há desafios a vencer. Para Meirelles, o maior deles é ganhar do dinheiro e, para isso, é necessário avançar no processo de digitalização e manter os que foram inseridos no sistema. O auxílio emergencial foi um importante impulsionador. 

“Logo no início da pandemia 5,44 milhões de pessoas, que poderiam receber auxílio emergencial, não tinham conta. A bancarização mudou de um ano para cá. E mudou o cash-in, o processo de entrada de dinheiro para essas pessoas”, disse Meirelles, explicando o impacto do pagamento de auxílio emergencial e da merenda voucher de forma eletrônica. Além disso, a ida dos empreendedores para marketplaces digitais também levou à maior adesão de pagamentos eletrônicos. Outro fator foram os 11 milhões de brasileiros que passaram a ter renda por meio de aplicativo.

“Houve uma mudança na entrada desse dinheiro sendo eletrônico. Mas ainda falta que a internet funcione todos os momentos e também saber diferenciar a bancarização que é o acesso aos serviços bancários de pagamentos eletrônicos”, completou o presidente da  Locomotiva.

Na pandemia, as preferências dos meios de pagamentos também mudaram. “Algumas opções se tornaram quase impraticáveis e até quem nem tinha familiaridade com pagamento online começou a fazer, levando à eletronização dos meios de pagamento. Pessoas passaram a preferir pagamentos por aproximação. Isso tanto em relação aos consumidores como lojistas”, disse Janaína Pimenta Attie, chefe de subunidade no Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central do Brasil.

“A decisão de como pagar é do consumidor e a gente tem de entender o que ele quer e entregar todas as formas para ele. A experiência do consumidor faz toda a diferença”, completou João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul. “Os pagamentos têm de estar disponíveis na maneira como é conveniente para os clientes.”

Celso Leonardo Barbosa, vice-presidente de negócios de varejo da Caixa, acrescentou que  a aderência ao cartão de débito foi recorde e que o Pix veio complementar. “As pessoas precisam de necessidade e de conveniência. Entendemos a demanda que temos de sermos digital e também presencial, com agências nos municípios, porque o equilíbrio entre digital e presencial é respeito”, apontou Barbosa. 

Foi na pandemia também que o Pix passou de novidade a queridinho. “Acho que Pix superou em muito as expectativas do Banco Central; a adoção foi muita rápida. O que percebemos é que Pix tem penetração maior nas faixas de maior renda da população que é mais bancarizadas, mas temos percebido números interessantes entre a população de baixa renda”, disse Janaína Pimenta Attie. 

Segundo ela, da base total de MEIs, 70% hoje já têm chave cadastrada no Pix. Dos que receberam auxílio emergencial, 43% já têm chave cadastrada no Pix e 33% já receberam Pix. “Isso sinaliza caminho interessante para camadas de baixa renda. Além dos produtos e serviços que vieram com o lançamento do Pix, tem uma agenda rica incorporando benefícios aos cidadãos”, acrescentou a executiva do BCB. 

Entre os desafios, Meirelles apontou que há 71 milhões de brasileiros que preferem pagar pequenas contas em dinheiro. “Precisamos entender quais razões levam as pessoas a preferir pagar em dinheiro e elas são simples: elas consideram mais seguro o pagamento em dinheiro e a dificuldade do acesso à internet”, afirmou. O avanço da agenda Pix com transações offline abre espaço para mais pessoas ingressarem no sistema.  

“De fato, avançamos muito. Obviamente, gostaríamos ter alcançado isso de outra forma, mas não dá para negar que a pandemia aumentou a eletronização”, finalizou Janaína Pimenta Attie, do Banco Central do Brasil. “Isso tudo fez as pessoas repensarem as prioridades, muitos negócios tiveram de ser reestruturados e repensados. Temos de perpetuar as mudanças positivas que foram feitas. O Brasil  é diverso e temos consciência que temos um longo caminho pela frente”, completou.  

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