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Faltam PCs e acesso à Internet para massificar ensino a distância no Brasil
Por: Ana Paula Lobo - 09/06/2020

Há muito por fazer para levar conectividade e tecnologia às escolas urbanas públicas e também privadas no Brasil, constata a a pesquisa TIC Educação 2019, divulgada nesta terça-feira, 09 de junho,  pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

O relatório mostra que apenas 28% das escolas localizadas em áreas urbanas contavam com um ambiente ou plataforma de aprendizagem a distância.Os dados acentuam a desigualdade digital e social, uma vez que esse tipo de plataforma voltada para o ensino a distância estava presente em apenas 14% das escolas públicas urbanas e 64% das particulares urbanas. Em 2018, esse dado era de 17% e 47%, respectivamente.

Segundo a TIC Educação 2019, grande parte dos alunos de escolas urbanas é usuária de Internet (83%), sendo 88% na região Sudeste, 87% na Sul e 86% no Centro-Oeste. Nas regiões Norte (73%) e Nordeste (78%), no entanto, a porcentagem de alunos com acesso à Internet é menor. O telefone celular é utilizado para acessar a rede por 98% dos alunos, sendo este o único dispositivo de acesso para 18% dos respondentes.

O acesso exclusivo pelo celular foi maior entre os alunos que residem nas regiões Norte (25%) e Nordeste (26%) e entre os estudantes de escolas públicas urbanas (21%), dados que evidenciam desigualdades nas condições e nas oportunidades de uso das tecnologias entre os estudantes.

Em relação à presença de outros dispositivos de acesso à rede nos domicílios, 29% dos alunos de escolas urbanas contam com um tablet em casa, 35% com um computador de mesa e 41% com um computador portátil. Além disso, 39% dos alunos de escolas públicas não possuem nenhum destes dispositivos em casa, o que pode dificultar a realização de atividades pedagógicas de forma remota.

"Grande parte das políticas públicas na área da educação têm como foco a conectividade na escola, agora o grande desafio é prover aos jovens conectividade nos domicílios, para garantir que tenham acesso à educação. O tipo de dispositivo, por exemplo, passa a ser um problema, uma vez que muitas crianças em domicílios de baixa renda só acessam a Internet pelo celular. Além da falta de recursos para o acesso à Internet nos domicílios, o fechamento das escolas gera vários outros impactos", pontua o gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa.

Ele adiciona lembrando que no caso das áreas rurais, por exemplo, um quarto dos gestores de escolas que possuem computadores e Internet afirmam que os recursos de tecnologia da instituição estavam disponíveis também para uso da comunidade do entorno. Com as escolas fechadas, não só os alunos e professores, mas também a comunidade deixa de ter acesso.

A pesquisa também revela que em 2019 aumentou a presença em redes sociais das escolas localizadas em áreas urbanas: 79% possuem perfil ou página em redes sociais, sendo 73% entre as públicas e 94% entre as particulares - números que eram de 67% e 76% em 2018, respectivamente. De acordo com a TIC Educação 2019, as redes sociais são um dos principais canais de interação entre a escola e a família: na rede pública, 54% dessas instituições afirmam utilizá-las como meio de comunicação com os pais ou responsáveis, enquanto na rede privada, este percentual foi de 79%. Por outro lado, o e-mail institucional é utilizado por apenas 16% das escolas públicas e de 63% das particulares.

Em relação ao uso da Internet para a realização de atividades pedagógicas em 2019, 77% do total de alunos de escolas urbanas que são usuários de Internet utilizavam a rede para fazer trabalhos em grupo, e 65% para trabalhos escolares à distância. Uma porcentagem menor dos alunos (28%) afirmou, ainda, que utiliza a rede para se comunicar com os professores. Os docentes, por sua vez, fazem uso da Internet para esclarecer dúvidas dos alunos (48%), disponibilizam na rede conteúdos para os alunos (51%) e recebem trabalhos enviados pela Internet (35%).

Realizada entre os meses de agosto e dezembro de 2019, a pesquisa TIC Educação investiga o acesso, o uso e a apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas públicas e particulares brasileiras de Ensino Fundamental e Médio, com enfoque no uso pessoal desses recursos pela comunidade escolar e em atividades de gestão e de ensino e de aprendizagem.

Em escolas urbanas, foram entrevistados presencialmente 11.361 alunos de 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 2º ano do Ensino Médio; 1.868 professores de Língua Portuguesa, de Matemática e que lecionam múltiplas disciplinas (anos iniciais do Ensino Fundamental); 954 coordenadores pedagógicos e 1.012 diretores. Em escolas localizadas em áreas rurais, foram entrevistados 1.403 diretores ou responsáveis pela escola. Para acessar a TIC Educação 2019 na íntegra, assim como rever a série histórica, visite https://cetic.br/.

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