Publicada em: 08/02/2023 às 18:24
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Abranet: competição e disrupção ditam passado, presente e futuro da internet
Roberta Prescott

Competição e disrupção: essas duas palavras têm sido frequentes na evolução da internet, ressaltou Eduardo Neger, presidente da Abranet, ao participar do painel "Futuro do mercado de provedores", primeira live Intra Rede do ano, que discutiu o futuro do mercado de provedores nesta quarta-feira (8/2). 

“Se lembrar dos principais embates do setor, o primeiro é quando internet começou a incomodar o setor de telecom, com aplicação de voz sobre ip. Hoje, tem aplicativo de mensageria, que são padrão e usados por todos, mas, quando essas aplicações surgiram, teve conflito regulatório. A internet tem esse poder de gerar disrupção onde ela toca, no setor que ela entra”, ressaltou Neger. 

As disrupções também aconteceram nos setores jornalístico e de televisão, impondo desafios, por exemplo, com a popularização das redes sociais e do streaming. Na área de serviços também não foi diferente, tendo como exemplo os aplicativos de transporte. “O segmento onde a internet entra tem disrupção. Isso provoca reação e exige intervenção do regulador”, apontou o presidente da Abranet.  

Agora, os holofotes se voltam às disrupções levadas pela internet aos meios de pagamentos, uma questão que, segundo Neger, vai ganhar ainda mais importância. “Há discussões com o regulador, com o Banco Central, e temos a inclusão digital e a bancarização, lembrando que o auxílio emergencial foi pago, em grande parte, por meio de aplicativo. A conectividade no interior do País teve efeito na bancarização”, destacou.

Balanço

Se há cerca de dez anos, imaginava-se que o futuro dos provedores de internet era no “triple play”, uma oferta que unia serviços de internet, de TV por assinatura e de telefonia, há algum tempo, esse tripé ficou obsoleto. “Indicadores da TV por assinatura e da telefonia fixa apontam que ambas estão em desuso, apesar de alguns provedores de internet terem receitas nesses setores. Mas, para a maioria, este tipo de aplicação não é tão importante quanto ter internet de qualidade”, avaliou Neger.

Outro ponto que se falava era a universalização da internet, inclusive com o plano governamental de expansão da banda larga, o PNBL, e com a expansão das LANs houses. De fato, a internet ganhou os cantos do Brasil e a universalização proposta foi conquistada. E isso se deve, ressaltou Neger, “aos provedores de internet regionais que expandiram a rede para o interior do País e hoje prestam serviço internet a preços razoáveis”.

No evento online, Neger lembrou que, quando surgiu a internet comercial, havia a clara distinção entre telecomunicações e internet, como estabelecido pela Norma 4, que definiu serviços de valor adicionado. Apesar da separação, muitos provedores regionais têm, como ele disse, “um pé em cada canoa, com uma operação relacionada à internet e outra de telecom, construindo redes de infraestrutura, seja sem fio ou por meio de fibra ótica”. 

Futuro

Falando sobre projeções para o futuro, Eduardo Neger disse que é a competição que irá ditar o caminho. “Para os usuários ter provedores de internet competindo seja em banda larga fixa, seja móvel é uma excelente notícia. Os custos da banda larga, nos últimos 10 anos, seguem os mesmos  valores praticados para este segmento e sequer seguiram a inflação”, disse, completando que, hoje, o nome do jogo é escala. A maior competição implica trabalhar com margens menores, já que não há tanto espaço para crescer em número de usuários. Por outro lado, acrescentou o executivo, a demanda por internet como serviço essencial é um caminho sem volta.  

Nesse sentido, os desafios estão ligados à escassez. No espaço físico para implantar infraestrutura de fibra ótica, que necessitam de dutos ou postes e eles estão saturados. “Um dos maiores desafios para banda larga no Brasil é o compartilhamento da infraestrutura, de postes e dutos”, destacou Neger. 

O segundo desafio é de espectro, mas, nesse campo, Neger ressaltou a liberação de frequências não-licenciadas e destinadas à Wi-Fi 6. “Vamos ter uma expansão nunca antes vista. Com a possibilidade do Wi-Fi 6E outdoor, será possível fazer conectividade para usuário final sem fio por espectro não-licenciado”, salientou. 

O uso desse espectro será fundamental com a expansão de objetos conectados às redes. “A rede doméstica foi pensada para as pessoas que estão na residência e, quando falamos em internet das coisas, temos de lembrar que as coisas serão conectadas. Temos de trabalhar com cobertura indoor, tanto para empresas como residências”, disse. 

O último ponto quando olha para o futuro é a questão da segurança dos dispositivos em um ambiente que começa a ter mais IoT. “A Anatel tem feito regulamentos que exigem segurança por design. E os provedores de internet têm enxergado essa oferta de segurança de rede; é uma oportunidade de entregar serviço de valor adicionado”, acenou.  


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