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Real Digital: Banco Central projeta lançamento para 2024
Por: Roberta Prescott - 12/08/2022

A expectativa do Banco Central é que o Brasil deve lançar o Real Digital em 2024, conforme antecipou o presidente da Autoridade Monetária, Roberto Campos Neto, ao participar do Febraban Tech, em São Paulo, e seguir um caminho de usar a moeda digital oficial para fomentar novos modelos de negócios.

"CBDC é um tema novo, que ainda está se definindo e cada país tem uma definição diferente. Todos concordam que moeda digital é expressão da moeda soberana", apontou Fabio Araujo, coordenador da iniciativa do Real Digital do Banco Central do Brasil (BCB), durante o painel "A CBDC brasileira é o futuro?".De acordo com ele, uma CBDC, do ponto de vista do BCB, é mais que forma nova de pagamento. Trata-se de uma expressão do Real junto com uma infraestrutura que interconecta serviços financeiros de hoje com novos serviços financeiros, do futuro, baseados em blockchain, web 3.0 e novas tecnologias.

"A CBDC tem papel de ser a expressão digital do Real, controlada pelo BCB, o que reduz riscos e dá estabilidade. CBDC é moeda fiduciária, mas na sua expressão digital, que é diferente de uma criptomoeda", explicou Thamilla Talarico, sócia-líder de blockchain e cripto da EY Brasil. Na criação do Real digital, uma das preocupações é com relação ao passivo nos bancos. Existe todo um arcabouço para garantir que o dinheiro depositado hoje esteja no banco para quando se quiser sacar. Ao tokenizar os depósitos bancários, registrar os depósitos em wallets, no ambiente digital, o passivo será também do banco, apontou Araujo. 

Atualmente, as criptomoedas tem funcionado mais como investimentos e não como meios de pagamentos. "Hoje, tem o mesmo número de investidores em criptoativos que temos na B3. Caminhamos para entender que criptomoedas vão ocupar espaço com muita força, mas ainda como investimentos", ressaltou Thamilla Talarico. Para ela, o fenômeno da tokenização, dando valor aos ativos para negociar e até para racionalizar digitalmente, é uma tendência forte. "Vamos caminhar para uma economia, cada vez mais, tokenizada e com diferentes tipos de tokens habitando este universo", explicou a executiva. 

No Brasil, o foco da CBDC nacional será o varejo, para que pessoas façam transações e, principalmente, contratos inteligentes, assinalou Araujo, do Banco Central. Ele disse que se espera também que o Real digital inclua mais gente no mercado de investimentos e de crédito, assim como o Pix fez com transações digitais.Ainda que o Real digital tenha foco no varejo, Thamilla Talarico, da EY Brasil, diz que o foco não será, a exemplo do que outros países fizeram, nas transações instantâneas — até porque o Brasil já conta com o Pix. "O Banco Central está olhando para a programabilidade para pagamento. A entrega contra pagamento é uma delas, tanto para ativos digitais como para ativos tokenizados. Hoje, você pode tokenizar uma debênture, uma ação, um imóvel. Os tokens representam a sua parcela naquele imóvel", explicou. 

"É a evolução natural e nossa CBDC não vai olhar para pagamento instantâneo, porque temos o Pix, mas vamos olhar para open finance, para serviços mais especializados e tendo o Real digital como dinheiro programável. Com infraestrutura de programabilidade e liquidação mais eficiente de pagamentos, será possível colocarmos o primeiro pé na Web 3. E é o caminho natural", acrescentou a executiva da EY.

Neste caminho, Fabio Araujo disse que há uma relação muito próxima entre Pix, open banking e real digital. "O Pix claramente foi a porta de entrada para as pessoas que começam a ter acesso a serviços de pagamento. Open banking é passo adicional em direção à economia da informação, porque no open banking e open finance você pode usar dados para ajudar a produzir serviços financeiros que possam te conhecer melhor e apontar o melhor produto. Um passo além é como vou gerir o contrato e aí entra a plataforma de liquidação inteligente, que é a CBDC. Com isso, você fecha o ciclo. Você traz as pessoas com Pix, você usa os dados para melhorar a adequação do serviços financeiros e com smart contract pode desenhar serviços adequados e oferecer dentro de ambiente DLT. Assim, fecha arco de democratização financeira levando à direção da economia", finalizou oordenador da iniciativa do Real Digital do Banco Central do Brasil.

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